sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Epitáfio

Stephen Paul Smith nasceu no Nebraska em 6 de Agosto de 1969. Gostava da música dos Beatles, não gostava do seu nome de baptismo. Por isso, quando entrou para o liceu, decidiu passar a chamar-se Elliott. Estudou piano e guitarra e, após uma breve passagem por bandas punk, depressa se tornou numa pequena mas cintilante estrela do indie-rock norte-americano, com os álbuns Roman Candle (1994), Elliott Smith (1995) e Either/Or (1997). Em 1997, Elliott Smith muda-se para New York, cidade onde Gus Van Sant o convida para fazer a banda sonora do filme “O Bom Rebelde”, (aquele em que Matt Damon faz de menino prodígio problemático com queda para a matemática e Robin Williams de psicólogo atormentado). O tema principal da banda sonora, Miss Misery, viria a ser nomeado para o Óscar de Melhor Canção Original de 1998, projectando a música de Elliott Smith para as audiências mainstream. Elliott estaria presente na cerimónia de entrega dos Óscares, subindo ao palco do Shrine Auditorium antes da actuação de Celine Dion (com My Heart Will Go On, de “Titanic”), naquilo que descreveria como um dos momentos mais estranhos da sua vida: foi como tomar um comprimido que não se dissolvesse, uma coisa que não se assimila.

Ainda em 1998, assinaria contrato com a editora de Hollywood DreamWorks Records, através da qual viria a editar o álbum XO (forma abreviada de executive officer), considerado por muitos como a sua melhor obra, e Figure 8, já em 2000.
Apesar da tristeza que perpassa pela sua música, Elliott Smith não acolhia a ideia de que as suas canções fossem frágeis ou reveladoras. Não são o meu diário e não pretendem ser nada de intímo ou confessional. Lá por umas vezes me sentir muito feliz com qualquer coisa e outras vezes terrivelmente deprimido, não quer dizer que se passe alguma coisa de errado comigo! É mau que as pessoas só reparem no lado triste das minhas canções...
A música de Elliott Smith, embora intimista e angustiada, era reconfortante e fazia a tristeza parecer bela (reconhecendo-se as influências de autores como Alex Chilton e Nick Drake), chegando mesmo a assumir contornos épicos nos momentos mais exuberantes do seu reportório. Smith era justamente considerado como um dos mais dotados songwriters da sua geração, capaz de mudar a nossa vida apenas com um sussurro.

Elliott Smith foi encontrado sem vida pela sua namorada, na cozinha do apartamento que ambos partilhavam no Echo Park de Los Angeles, na manhã do dia 22 de Outubro de 2003. Apresentava um profundo golpe no peito, auto-infligido com uma faca. Tinha 34 anos e trabalhava no seu sexto álbum, From a Basement on the Hill. Registo que viria a ser publicado um ano depois da sua morte, em Outubro de 2004. O último legado de Elliott Smith e uma obra ímpar.

R.I.P.

3 Comments:

Blogger O Puto said...

Um grande disco que já foi objecto de um apontamento no meu blogue.

1:35 da manhã  
Blogger mr pavement said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

2:19 da manhã  
Blogger mr pavement said...

[erro resultou na remoção do comentário anterior, que repito de seguida]
elliott smith é uma grande referência. parabéns pelo blog. os melhores cumprimentos. [i better be quiet now]

2:24 da manhã  

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