Disco's not dead!
A Guerra do Vietname havia terminado e a economia mundial já estava recuperada dos efeitos do primeiro choque petrolífero. O filme Saturday Night Fever estreia-se. E em 26 de Abril de 1977, Steve Rubell e Ian Schrager abrem em Manhattan o mais famoso clube do mundo: o Studio 54. Chega o disco sound e a vida converte-se na celebração pela dança. Até ao início dos 80 iria dançar-se ao som dos Chic, Sister Sledge, Diana Ross, Donna Summer, Gloria Gaynor, The Bee Gees, Barry White, dos suecos Abba e até dos post-punk ingleses Blondie (a quem muitos fãs não perdoariam a escorregadela disco em Heart of Glass), entre muitos outros. O disco é a consagração gay e negra e o Studio 54 é o seu palco. Numa noite em que foram impedidos de entrar naquele clube, Nile Rodgers e Bernard Edwards, dos Chic, rumaram a casa e, motivados pela nega, escreveram uma canção cujo refrão rezava Ahhhh Fuck Off. Mais tarde emendariam a mão para Ahhh Freak Out (Le Freak, c'est chic), não voltando a ter problemas com o seu acesso à pista de dança. Depois desta onda nada voltaria a ser como dantes e apesar do sempiterno desprezo da generalidade dos fãs do rock, o disco conta ainda hoje com prestigiados entusiastas e praticantes, como os Brand New Heavies ou os Jamiroquai.
Numa aliança inédita entre a Sony Music Portugal, a Universal e a EMI, surge agora a compilação que faltava em nossa casa: Disco - 40 grandes clássicos do disco sound. Está lá tudo: Le Freak, We Are Family, Upside Down, o inesquecível Born To Be Alive dos carrinhos de choque, I Will Survive na respeitável versão original, I Feel Love, Knock On Wood, Love Is In The Air, Y.M.C.A. (onde os Village People ironizam sobre as duvidosas actividades lúdicas que as Young Men's Christian Associations proporcionam aos seus jovens membros) e até o fabuloso Don't Let Me Be Misunderstood, na versão dos Santa Esmeralda, recentemente desenterrada por Tarantino para o seu Kill Bill 2. E que dizer de Tina Charles e do seu I Love To Love (but my baby just loves to dance...) ou de Carl Douglas e Kung Fu Fighting? Mesmo tratando-se duma compilação, esta edição entra directamente para as dez melhores do ano. Esta inesperada prenda é para pôr a tocar de seguida, até gastar. E ainda não é Natal!
A organização PortugalGay recebeu esta edição conjunta de forma entusiástica, com festas disco nos bares Boys'R'Us e Pink (Porto) e no Bar 106 (Lisboa). Aguardamos ansiosamente que outras entidades lhes sigam o exemplo.