domingo, novembro 21, 2004

Disco's not dead!


A Guerra do Vietname havia terminado e a economia mundial já estava recuperada dos efeitos do primeiro choque petrolífero. O filme Saturday Night Fever estreia-se. E em 26 de Abril de 1977, Steve Rubell e Ian Schrager abrem em Manhattan o mais famoso clube do mundo: o Studio 54. Chega o disco sound e a vida converte-se na celebração pela dança. Até ao início dos 80 iria dançar-se ao som dos Chic, Sister Sledge, Diana Ross, Donna Summer, Gloria Gaynor, The Bee Gees, Barry White, dos suecos Abba e até dos post-punk ingleses Blondie (a quem muitos fãs não perdoariam a escorregadela disco em Heart of Glass), entre muitos outros. O disco é a consagração gay e negra e o Studio 54 é o seu palco. Numa noite em que foram impedidos de entrar naquele clube, Nile Rodgers e Bernard Edwards, dos Chic, rumaram a casa e, motivados pela nega, escreveram uma canção cujo refrão rezava Ahhhh Fuck Off. Mais tarde emendariam a mão para Ahhh Freak Out (Le Freak, c'est chic), não voltando a ter problemas com o seu acesso à pista de dança. Depois desta onda nada voltaria a ser como dantes e apesar do sempiterno desprezo da generalidade dos fãs do rock, o disco conta ainda hoje com prestigiados entusiastas e praticantes, como os Brand New Heavies ou os Jamiroquai.

Numa aliança inédita entre a Sony Music Portugal, a Universal e a EMI, surge agora a compilação que faltava em nossa casa: Disco - 40 grandes clássicos do disco sound. Está lá tudo: Le Freak, We Are Family, Upside Down, o inesquecível Born To Be Alive dos carrinhos de choque, I Will Survive na respeitável versão original, I Feel Love, Knock On Wood, Love Is In The Air, Y.M.C.A. (onde os Village People ironizam sobre as duvidosas actividades lúdicas que as Young Men's Christian Associations proporcionam aos seus jovens membros) e até o fabuloso Don't Let Me Be Misunderstood, na versão dos Santa Esmeralda, recentemente desenterrada por Tarantino para o seu Kill Bill 2. E que dizer de Tina Charles e do seu I Love To Love (but my baby just loves to dance...) ou de Carl Douglas e Kung Fu Fighting? Mesmo tratando-se duma compilação, esta edição entra directamente para as dez melhores do ano. Esta inesperada prenda é para pôr a tocar de seguida, até gastar. E ainda não é Natal!

A organização PortugalGay recebeu esta edição conjunta de forma entusiástica, com festas disco nos bares Boys'R'Us e Pink (Porto) e no Bar 106 (Lisboa). Aguardamos ansiosamente que outras entidades lhes sigam o exemplo.

segunda-feira, novembro 15, 2004

São Homens do Norte!



Em 1994, por alturas da formação duma banda, nasce na Islândia a irmã mais nova do vocalista principal. A petiza é baptizada com a graça de Vitória Rosa. A banda também. Na língua nativa o nome escreve-se Sigur Rós e pronuncia-se si-ur rose. Apesar de algumas das preferências musicais dos membros da banda fazerem temer o pior (apreciam grupos de heavy-metal), a música dos Sigur Rós, como alguém já disse, parece feita nos céus... (e nós acrescentamos: islandeses).

Portugal conhece-os em 2000, com um concerto no CCB e com o lançamento europeu do seu segundo álbum, Ágætis Byrjun (significa "bom começo" e pronuncia-se au-gai-tis bi-ri-un). Segue-se em 2002, o apócrifo ( ). Não, não é um erro tipográfico nem uma falha de edição: o nome do álbum são dois parênteses curvos. Também não se ouve um único verso ao longo de ( ).

Chega agora a vez de espreitarmos as origens destes anjos islandeses, com a edição internacional de Von ("esperança"), o seu primeiro trabalho, com edição doméstica original datada de 1997. Ambiental e melódica, fria e planante. É assim a música dos Sigur Rós.

Curiosidade: é possível encontrar neste álbum uma canção de registo claramente pop, Myrkur, manobra inusitada para estes jovens. A canção encontra-se ainda gravada ao contrário na última faixa, com o nome Rukrym.



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