domingo, janeiro 30, 2005

I absolutely love you


Este é o homem camaleão. David Robery Jones, nascido em 8 de Janeiro de 1947, nascia para o mundo em 1969 com Space Oddity, com a história do homem enviado para o espaço que nos observava de longe, alegadamente um relato na primeira pessoa acerca da sua própria experiência com drogas duras.

This is Ground Control to Major Tom
You've really made the grade
And the papers want to know whose shirts you wear
Now it's time to leave the capsule if you dare

Anos depois, em 1980, respondia-se a si próprio com Ashes To Ashes,

My mother said to get things done
You'd better not mess with Major Tom
David Bowie já foi quase tudo, da figura andrógina Ziggy Stardust a herói em Heroes, passando pela personagem do Homem Elefante. E em "The Hunger", num dos mais belos filmes de sempre, onde foi o amante da vampira encarnada por Catherine Deneuve (lembram-se, com a música dos Bauhaus a ilustrar a famosa cena de abertura, das mais sensuais que se já viu...). Ainda em "Merry Christmas Mr. Lawrence" de Nagisa Oshima, onde contracena com Ryuichi Sakamoto (escuso de lembrar a intervenção de David Sylvian na banda sonora). E logo a seguir no filme "Absolute Begginers", de Julien Temple (o mítico realizador de "The Great Rock'n'Roll Swindle"), onde Bowie empresta a voz ao tema principal.
É escusado e redundante falar da música de David Bowie. Há coisas que estão para além do tempo, do tempo que passa por nós, aquele que medimos dia a dia e que às vezes mede os nossos dias. Talvez valha a pena colocar as novas questões de sempre...

Do you like girls or boys?
It's confusing these days...

sábado, janeiro 29, 2005

Procura-se e...


Gozam de um halo mítico à sua volta, desde que apareceram no início dos anos noventa do século passado. Editaram apenas dois álbuns de originais (Dummy e Portishead), bastantes para os guindar à condição de referência musical incontornável. Os cérebros dos Portishead são Geoff Barrow (natural da pequena cidade portuária de Portis Head) e Beth Gibbons, a dona da voz frágil e tímida que nos embala em canções sofridas como Sour Times ou All Mine ou ainda no registo pseudo-cabaret de Seven Months.

Em 1994 os Portishead deixavam cair a primeira gota do seu néctar, vertendo no mesmo copo cool jazz, acid house e bandas sonoras de filmes imaginários. O álbum chamava-se Dummy e obteve um inesperado sucesso, vindo a receber o prémio britânico Mercury Music Prize, à frente dos Oasis, Blur e PJ Harvey. De estilo indefinível, a música atmosférica, escura e feérica dos Portishead vagueava algures entre o cool avant-garde de Tricky e os ritmos frios dos Massive Attack. Em conjunto, seriam considerados os inventores do trip-hop, o som gerado na cidade inglesa de Bristol. Teríamos que esperar por 1997 para recebermos o seu segundo álbum, Portishead, um trabalho ainda mais sombrio e profundo. Seguido em 1998 de PNYC, gravação ao vivo de um espectáculo one-off dos Portishead acompanhados por uma orquestra de 35 músicos, perante uma multidão extasiada no Roseland Ballroom de New York.

Pois bem, para além de virem a actuar ao vivo pela primeira vez após um hiato de 7 anos, no próximo dia 19 de Fevereiro, na Bristol Academy (onde também estarão pela primeira vez em palco ao lado dos Massive Attack), num concerto de solidariedade para com as vítimas do maremoto do sudoeste asiático, os Portishead vão editar um novo álbum. Geoff Barrow acaba de desvendar em entrevista à BBC que os Portishead se encontram desde há algum tempo a gravar o seu terceiro álbum de originais. São excelentes notícias, para um ano que ainda agora começou, mas já cheio de coisas surpreendentes. E que promete revelar ainda mais surpresas...

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Senhoras e senhores, Groovekid

O weblog Dias Atlânticos tem um novo colaborador, o DJ Groovekid. Neste espaço estão agora representadas várias gerações de DJs. Diferentes gostos e sensibilidades, a bem da diversidade, mas com um traço em comum: o gosto pela música. Façam o favor de lhe dar as boas-vindas.

I live for the applause!


Confesso: sou absolutamente fanático por tudo o que este senhor produz. Chama-se Neil Hannon, nasceu na Irlanda do Norte há cerca de trinta e cinco anos e veio ao mundo para nos encantar e para nos infernizar. Neil tem o toque de Midas e é o génio por trás dos Divine Comedy, uma formação de geometria variável que se ajusta à medida certa dos caprichos e inspirações do seu criador. Já toda a gente ouviu pelo menos um tema dos Divine Comedy, mesmo que não o saiba. A sua música faz parte do património genético-cultural de que somos portadores, facto que se (re)descobre no instante em que os ouvimos pela primeira vez. E se volta a descobrir em todas as vezes seguintes.

Neil Hannon não passa de um incorrigível romântico, disfarçado de snob cínico, na melhor tradição britânica. Um humilde e envergonhado menino prodígio que exclama de forma exuberante um obsceno - I live for the applause! perante a esmagadora audiência do London Palladium, ao mesmo tempo que omite descaradamente a palavra arse na referência à dimensão dos traseiros das hospedeiras aéreas, no verso ...but it’s hard to get by when your arse is the size of a small country, do tema National Express. Um comboio onde todos viajamos, sofremos e sorrimos. Para além da melhor música que se tem feito, este senhor tem também escrito da melhor poesia que se tem ouvido, profusamente ilustrada com referências literárias eruditas e verdades amargas comuns. E ainda canta admiravelmente. Enquanto toca displicentemente uma série de instrumentos musicais e conduz as orquestras que o acompanham (Neil Hannon é o cérebro do projecto Punishing Kiss, de Ute Lemper, que reuniu à mesma mesa Tom Waits, Elvis Costello, Philip Glass, Scott Walker e Nick Cave).

Quando se voltar a enviar uma cápsula para o espaço contendo registos que caracterizem a espécie humana, bastará lá colocar um disco dos Divine Comedy para que todos fiquemos adequadamente retratados. No que todos temos de comédia e de drama, no que vivemos de ilusão e de dissabor, no que somos de sofisticado e de simples. De humano. Com a miséria e a grandiloquência com que só Neil Hannon é capaz de vestir o que faz.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

A linguagem é um vírus...



Por vezes, há quem me peça conselhos (vá-se lá saber porquê...). Outras vezes dou-os sem mos pedirem. Nos próximos dias 6 e 7 de Maio, Laurie Anderson vem a Portugal. Actuar ao vivo no Teatro Nacional de São João, por ocasião do Codex - Festival de Músicas. Façam-vos um favor: larguem tudo o que estiverem a fazer, enterrem o cansaço da semana, esqueçam a falta de disposição e as agruras da vida e rumem à Invicta. Não percam este precioso momento. Até lá eu explico porquê.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Chemicals between us


Uma sirene no ar anuncia o raide iminente. Os corpos agitam-se. Toque e deixe-se tocar. Não há muralha ou abrigo que lhe valha. O ataque chega em doses maciças. Obsidiante. Sinta a batida, frenética e primordial, pura e despida. Dispa-se. Não se ressinta se sentir que ressoa... ao suar. Pelo corpo todo, agitado. É químico. E definitivamente físico.

Nascidos dos esteios erguidos por grupos como os Public Enemy, Cabaret Voltaire, Beastie Boys, My Bloody Valentine, Renegade Soundwave, The Chemical Brothers surgem em 1992 nos clubes alternativos de Manchester (Hi, nice to meet you, Madchester para os amigos), então a capital musical do mundo. A mesma cidade que viu nascer Ian Curtis e os Joy Division, Morrisey e os Smiths, a Factory, que via agora eclodir o electro-sound, o primado dos ritmos e da batida, trazidos pelos novos emissários, os grupos onde os DJs eram autores: Underworld, Prodigy, The Orb, 808 State. Como os Chemical Brothers, quimicamente instáveis, prontos a reagir sem catalisador, misturando ingredientes de acid-house, hip-hop, inventando o big beat. Provocando a agitação dos corpos nas raves nocturnas de Blackburn e em catedrais míticas como a Hacienda e o Chicago Warehouse ou no Naked Under Leather (clube tão interessante quanto o seu nome sugere). A mesma fórmula química que havia de inspirar Fatboy Slim (nas suas próprias palavras).

Formado pela dupla Ed Simons e Tom Rowlands, os Chemical Brothers publicaram e remisturaram regularmente ao longo de dez anos, firmando a sua reputação. Sendo as vozes principais num grupo sem cantor de serviço, foram completando o puzzle por via de convidados ilustres como Noel Gallagher (Oasis), Bobby Gillespie (Primal Scream), Hope Sandoval (Mazzy Star), Bernard Sumner (New Order), Jonathan Donahue (Mercury Rev) , Wayne Coyne (Flaming Lips) e Beth Orton. Quando não havia cantor, era servido o techno adrenalinizado, ao melhor estilo fucking with formats.

Numa altura em que a cena de dança inglesa perde fulgor (a categoria Best Dance Act foi este ano, pela primeira vez, excluída dos Brits Awards, dada a alegada perda de ímpeto daquele género musical), os Chemical Brothers regressam com Push The Button, o quinto álbum de originais da formação, com estreia mundial no próximo dia 24 de Janeiro. Procurando inverter aquela tendência, apostam forte numa reinvenção de si próprios, com canções onde se reconhece as traves mestras do som químico e a exploração de novas paragens. Na lista das special guest stars encontramos Q Tip (A Tribe Called Quest), Tom Burgess (Charlatans) e Anwar Superstar. O single de estreia é Galvanize, que já rola por aí, mas recomendamos vivamente que não impeçam o corpo de se agitar com Surface To Air, que já tivemos o privilégio de apreciar (passem à frente de Left Right). Como diz Pete, um amigo meu, now they’re older and wiser than back then. But, hey… what do I know? I’m just a guy from Manchester.


You can't run. You can't hide. Let's push the button.

Play loud.

  • Quem repara nessas coisas não vai deixar de registar que neste álbum existe um claro conflito entre forma e conteúdo: não obstante a excelente música que contém, Push The Button é desde já um forte candidato ao prémio de pior capa do ano. Mas a temporada ainda vai no início e o género humano nunca cessa de nos surpreender...

terça-feira, janeiro 18, 2005

FW: Rodrigo Leão



Cinema, de Rodrigo Leão, recentemente referido neste espaço, foi considerado pela revista norte-americana Billboard como o segundo melhor álbum de 2004, na categoria de música produzida fora dos Estados Unidos, à frente de Nick Cave & The Bad Seeds, Rammstein, Kraftwerk e até da estreante banda inglesa Franz Ferdinand, que conta com o maior número de nomeações para os Brit Awards. Na selecção de Emmanuel Legrand, editor da Billboard, encontra-se ainda o álbum de estreia do projecto portuense Mesa, em nono lugar.

Lembramos que a Billboard é uma revista dirigida aos profissionais do sector discográfico, com escassa divulgação entre o grande público. Mas é bom saber que outros percebem o que nós já sabíamos.

domingo, janeiro 16, 2005

Beck in business

O alquimista está de volta. Depois duma passagem nostálgica pelas paisagens desérticas e solitárias de Sea Change (2002), Beck Hansen prepara-se para lançar um novo álbum de originais, no próximo mês de Fevereiro. Ao que tudo indica, regressando à linha ecléctica de Mutations (1998) e de Midnight Vultures (1999), com a sua receita habitual. Uma receita feita da mistura de géneros, apimentada com a nonchalance da slacker generation de Los Angeles: rock, country, folk, soul, rap, hip-hop e a bossa nova que se percebe em canções como Tropicalia, do álbum Mutations (nome escolhido em homenagem ao movimento brasileiro Mutantes).

Beck não faz um álbum a seguir a outro: experimenta diferentes direcções, como se de um jogo vectorial se tratasse, sempre com resultados desconcertantes. Tornou-se conhecido do mundo com Mellow Gold (1994) e o tema Loser (Soy un perdedor/I'm a loser, baby/so why don't you kill me?). Em virtude desta façanha, desataram a chamar-lhe o outro Prince. Seguir-se-ia Odelay, nomeado para os Grammies de 1996, trabalho onde surge um sample de Desafinado, de João Gilberto.
É também de Beck a voz que se ouve em The Vagabond e Don't Be Light, no álbum 10000 Hz Legend dos franceses Air, onde co-assina a letra da primeira. No final do passado mês de Setembro, surgiu sem aviso a cantar Don't Be Light, no encore do concerto dos Air, no Hollywood Bowl.
Beck esteve já por várias vezes em Portugal, duas delas na Zambujeira do Mar. Na primeira vez, em Agosto de 2000, num concerto marcado pela sonoridade de Midnight Vultures, desafiando todas as Sexx Laws. Memorável a prestação do mixer Roger Manning Jr. De novo, em 2003, acompanhado em palco pelos músicos dos Flaming Lips e por Badly Drawn Boy, no registo intimista de Sea Change.

Beck - Festival do Sudoeste 2000

Beck tem o toque do Rei Midas. Um toque caleidoscópico que nos deixa ansiosos pelo que aí vem. Coisas que não sabemos. Mas nas quais já mergulhamos, confiantes. Como quando se regressa a um lugar familiar, de sempre. Fiquem atentos.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Back in business... all over the world!

Formaram-se em 1986, nos Estados Unidos e duraram seis anos. Produziram cinco álbuns de originais, cheios de uma música que nunca ninguém tinha ouvido. Nunca alcançaram um sucesso significativo, permanencendo na zona de sombra límbica que esconde os mistérios fundamentais. Foram praticamente ignorados em terras americanas, não conseguindo sequer obter um contrato de edição no seu país. O proprietário da editora europeia 4AD, Ivo Watts-Russel, ficou tão impressionado com a demo tape do grupo, que lhes propôs de imediato um contrato para a publicação do primeiro álbum, Come On Pilgrim, trabalho que veria a luz do dia em 1987. Seguir-se-iam Surfer Rosa (1988), Doolittle (1989), Bossanova (1990) e Trompe Le Monde (1991). Seria na Europa que os Pixies teriam alguma receptividade, por parte de um pequeno público entusiasta e pela imprensa musical atenta aos fenómenos alternativos. Nunca conheceriam os tops de vendas.

Certo dia alguém perguntou a Kurt Cobain o que o levara a compor Smells Like Teen Spirit. Kurt respondeu: Eu estava a tentar escrever a derradeira canção pop. Basicamente estava a tentar copiar os Pixies. A música dos Pixies era mesmo completamente nova e contagiante. Quando, ao regressar de uma tournée mundial com os U2, Bono ouviu o primeiro disco da banda, desabafou: depois disto, nada mais importa. Oscilando entre refrões carnais e gritados e passagens doces e melódicas, com harmonias simples e breves, a música dos Pixies foi o impulso seminal para tudo o que viria a acontecer nos anos seguintes, até aos dias de hoje. E no futuro que há-de vir. São incontáveis os grupos que sofreram a sua influência. Não há nenhuma antologia séria, daquelas do género os 100 melhores de sempre que não contenha um ou mais álbuns dos Pixies. O tempo da música divide-se por isso em dois períodos: A.P. e D.P., antes e depois dos Pixies. Esta banda tem, para o contexto, o mesmo significado que o nascimento de Cristo para os cristãos.

O grupo seria dissolvido em 1992 por iniciativa do vocalista, Charles Thompson IV (também conhecido por Black Francis nos Pixies e Frank Black a solo), que num fax lacónico informou os restantes membros da banda, Kim Deal (viola baixo), Joey Santiago (guitarra) e Dave Lovering (bateria) que a banda já não existia.

Há quem considere que os Pixies vieram cedo demais. Que o mundo do final dos eighties não estaria preparado para o seu som. (eu não concordo por motivos obviamente pessoais; têm-me feito muita falta e insuflado a vida com muita energia) Durante anos, a imprensa e os fâs mais indefectíveis acompanharam atentamente os rumores de uma eventual reunião do grupo, sempre desmentida por Frank Black, que entretanto iniciara uma carreira a solo, e por Kim Deal, que viria a fundar as Breeders, com as quais conheceu algum sucesso. A questão da reunião dos Pixies viria a tornar-se num mito semelhante ao dos Fab Four.

Até que, subitamente no final de 2003, quase doze anos após a separação, os músicos fazem saber que preparam em conjunto a edição de uma nova colectânea e de um DVD e que reiniciaram os ensaios para uma tournée mundial a ocorrer em 2004. O que tantos desejaram (e alguns temeram) estava prestes a acontecer. A tournée levaria os Pixies por todos os Estados Unidos, Canadá, Brasil e diversos países europeus (entre os quais, Portugal, a 11 de Junho, no Festival Super Bock Super Rock), num total de cerca de 120 espectáculos, com lotações invariavelmente esgotadas e, pasme-se, com a mesma frescura de outros tempos (apesar do notório efeito da passagem dos anos sobre a fisionomia dos músicos). Terminou em apoteose no Hammerstein Ballroom de New York, há menos de um mês. Assistiram aos concertos cerca de meio milhão de espectadores e as suas receitas atingiram mais de 14 milhões de dólares. Os Pixies chegavam enfim ao merecido reconhecimento público, em grande medida através de uma geração que não os conheceu aquando do seu aparecimento. Frank Black faz assim o balanço do reencontro dos Pixies: naqueles anos não ganhámos dinheiro nenhum, agora farto-me de rir a caminho do banco...



Frank Black


Kim Deal


Joey Santiago


Dave Lovering

terça-feira, janeiro 11, 2005

Estranhos!!!???




O primeiro encontro foi um pouco a medo, quando não se conhece é assim, não se estabelecem logo grandes amizades, mas conforme vamos descobrindo cada vez nos cativa mais, continuamos no entanto sem total à vontade, até pelo nosso feitio, poderá parecer certa sobranceria para quem não nos conhece, até como se fosse snobismo (nariz empinado) , quando não passa tudo de timidez.
Já passaram alguns anos. Era já tarde quase noite (sim o famoso lusco fusco) e naquele dia nada de significativo se tinha passado,embora andasse a fazer um esforço desde manhã para que não fosse um dia como os outros (por isso o que foi feito até se dar o encontro não tem o mínimo interesse).
A primeira frase"Here be Monsters"(2002), apresentou-se depois -Ed Harcourt,prazer...,trazia no seu alforge 300 canções, e o estigma de ter começado numa banda indie "Snug" - Santinho!!!, resolveu pegar sózinho nos instrumentos todos e por cá fora talvez alguns dos monstros que o andariam a perseguir,Tom Waits, Chet Baker, Screamin' Jay Hawkins e Perry Farrel, casando esta América e a sua Inglaterra dandy."From Every Sphere"(2003), não foi "Cá te espero", mas a vontade de ficar curioso, nesta amizade que foi amadurecendo, e que durante algum tempo guardamos em segredo para parecer ser só nossa, egoísta, escondida, protegida, só agora deixamos de ser "Strangers"(2004),com todo o prazer e para todos, de vez!!!!

sábado, janeiro 08, 2005

Louvado seja dEUS



O senhor da foto chama-se Tom Barman, é flamengo e vive em Antuérpia. É músico e cineasta. Em 1991 formou uma banda, juntamente com outros músicos belgas, à qual deu a graça de dEUS. Inspirou-se no nome latino de uma canção de 1988 de um grupo islandês chamado Sugarcubes (cuja vocalista, como toda a gente sabe, se chamava Björk). A primeira linha da canção rezava Deus does not exist...
O grupo decidiu usar a grafia dEUS porque, em primeiro lugar não queriam parecer deuses, depois porque era cool e ficava bem graficamente e, por fim, porque toda a gente ficaria a matutar no assunto e a falar nos dEUS. Começaram por actuar como banda de covers de músicas dos Velvet Underground, Pixies, Neil Young e Violent Femmes, em pequenos bares da Flandres. Evoluíram rapidamente para uma sonoridade própria, noisy e distorcida.
Os álbuns Worst Case Scenario (1994), MySister=My Clock (1995), In A Bar, Under The Sea (1996) e The Ideal Crash (1999) tornaram os dEUS uma referência incontornável da música urbana europeia, mesmo tendo em conta as dificuldades de promoção que se colocam a um grupo continental. Em 2001 publicam uma colectânea de singles a que chamaram No More Loud Music, que resume o melhor da sua carreira. dEUS é o avant-garde europeu.
Espera-se para a próxima Primavera a saída do seu novo álbum de originais, o primeiro em quase 6 anos, do qual já tivemos um cheirinho, no último Festival do Sudoeste. Os dEUS têm vindo frequentemente a Portugal, onde já actuaram pelo menos uma dúzia de vezes. O filme de Tom Barman, Para onde o vento sopra, esteve em exibição nalguns cinemas portugueses no ano que passou e conquistou o Prémio Joseph Plateau 2004 para Melhor Actriz e Melhor Compositor.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Cinema



Em matéria de produção nacional, o ano que ora findou foi fértil e diverso. Na selecção vintage figura Rodrigo Leão e a sua obra-prima Cinema. Este trabalho, publicado em Junho de 2004, culmina uma já longa carreira a solo (depois da passagem pelos Sétima Legião e pelos Madredeus), iniciada em 1994 com o álbum Ave Mundi Luminar (ainda com os Vox Ensemble). Da sua música disse então o compositor tratar-se de toda uma carga visual cinematográfica.
Sete álbuns volvidos chega-se a este belíssimo Cinema, onde Rodrigo Leão conta com as interpretações notáveis de Beth Gibbons (que se tornou conhecida do mundo como a voz dos Portishead), da brasileira Rosa Passos, da luso-belga Helena Noguerra e de Sónia Tavares, dos Gift. O álbum tem ainda a participação de Ryuichi Sakamoto, na qualidade de co-autor de dois temas.
Com Cinema, Rodrigo Leão atinge a maioridade e assina aquela que é a sua melhor e mais requintada obra. A sonoridade que se desprende de Cinema evoca imagens de melancolia, à moda de Yann Tiersen, ainda que claramente portuguesas. Para ouvir para sempre.



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